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TERRA DE GIGANTES

Olá, independente da hora do dia, nós desejamos que seja boa. Somos 12 estudantes de jornalismo dispostos a trazer um conteúdo leve e acima de tudo relevante para você. Viajamos pouco mais de 600 quilômetros para que esse web documentário chegasse as suas telas. Prepare-se para conhecer histórias de pura resistência contada por negros e índios. Bem-vindo ao Terra de Gigantes!

Produção Textual:

Ana Maria Miguel

Sabryna Ferreira

Victória Coelho

Tábbta Morais

Produção Audiovisual:

Alberto Bunga
Ana Tália Rodrigues
Cristel Romero
Giovanni Manzolli
Juliano Vitório
Roberta Camila

Design e fotografia:

Ana Flávia da Silva

Edição:

Carlos Henrique

Juliano Vitório

Rafael Cardoso

Orientação:

Andreia Moura
Betina Pinto
Karla Erehnberg

Introdução

Entrei na sala da faculdade e observei em cada canto, eles estavam lá, mas eram poucos.
Fitei as telas da TV e eles estavam lá. Não como deveriam, mas estavam.
Perguntei a um homem esperto sobre Zumbi dos Palmares e ele não fazia ideia de quem eu estava falando. Não desisti. Conversei com um mais estudioso.
Ele sabia quem era Zumbi, mas não como deveria saber.
Abri os livros de história e eles estavam lá. Ouvi algumas músicas, eles também estavam lá, não como deveriam.
Ouvi que eles eram gigantes. Fui corrigida. Pintaram um povo que um dia já foi grande. Hoje, são apresentados de forma descontextualizada. Sexualizados. Marginalizados. Desafiadores da elite branca. Quem são eles? Você realmente sabe?
Quem te ensinou a respeito deles? Ensinou certo? E o que é certo quando falamos deles?
E sobre as feridas abertas há cerca de um século. Você viu as cicatrizes? Creio que não.
“Um mundo sem senhores e sem escravos. Um mundo de irmãos”. Cantou a canção. Ouviu, mas não como deveria. Se escravidão for só tronco e alforria estamos no caminho certo.
Mas você sabe que não é.
O índio é vagabundo. O negro é ladrão. E você? Ah, você não é quem deveria ser. 
Por que quando eu olho para você, eu vejo um pouco deles em cada pedacinho seu. 
Você sabe do sangue que corre nas tuas veias. 
Olhe-se no espelho. Você se vê neles? Não é cabelo crespo, nem cabelo escorrido. Não é melanina aguçada, nem olhos marcantes. Não, não é cara pintada, ou turbante. Candomblé, ou rituais. 
É essência. É pele, alma. É coração. Sou eu, você, mais ninguém? Não. É todo mundo. É mundo.


É índio, é negro, é gigante!

POR ENQUANTO, RESISTA!

Seria uma utopia o fim do preconceito?

Resistência

AS REVOLTAS, AS CONQUISTAS

Cabelos escorridos e pretíssimos, se assemelham de cor, aos olhos quase puxados. Sorrisos tímidos e vivos anunciam que é hora de ir para escola. A sala de aula é pouco utilizada, e quando isso acontece, o emaranhado de carteiras fica de lado. Há dezenas de brinquedos e crianças espalhados pelo chão. No Centro de Educação e Cultura Indígena Jaraguá, o Ceci, eles preferem assim.

Os olhos atentos ao educador Claudio Pereira revela que algo importante está sendo dito. Tudo isso acontece em sons rápidos e palavras que não se assemelham ao inglês, tampouco ao italiano. Há comunicação se dá em Guarani, língua exclusivamente aprendida pelas crianças que frequentam o Ceci.

O educador avisa que é hora de sair da sala de concreto para se aventurarem na natureza, sua segunda mãe. Disciplinados, os donos da liberdade se enfileiram em busca do novo. A atividade do dia é a mandioca humana, uma brincadeira indígena que arranca gargalhadas intensas dos pequenos. “Existem várias outras brincadeiras que a gente realiza com eles, como corrida de tora, arco e flecha, mas nosso maior objetivo é que eles entrem em contato com a natureza e aprendam com ela, porque o conhecimento do índio é diferente, a gente tem amor grande pelo meio ambiente, explica.

Após uma série de brincadeiras, chega a hora do “recreio”. Há mesas pequenas onde todos são servidos. Comem juntos porque a união é um estilo de vida, ensinada desde os primeiros anos. Apesar da diversão e ensinamentos, os educadores sempre sonham com mais. Devido a demarcação das terras, há pouco espaço para tamanha liberdade que pequenos indígenas carregam consigo. Willian Moena, também é educador e um dos líderes no Jaraguá. Ele lamenta não poder oferecer tudo que a cultura indígena pode proporcionar às crianças. “A gente fala da caça e pesca, mas onde estão as matas e os rios?", questiona com tristeza.

O trabalho é árduo e os avanços acontecem aos poucos. A escola conta com um laboratório de informática, mas apesar de utilizarem os meios eletrônicos com naturalidade, eles preferem mesmo é correr de pés descalços pisando na terra marrom e viva da aldeia. Uma pausa na conversa para que Cláudio vestisse o casaco de uma de suas alunas. Eles trocam algumas palavras em Guarani e ela vai embora sorridente e protegida do frio. Após esse momento, ele comenta:

 

Aqui a educação é diferenciada,

eles têm muita liberdade,

não ficam trancados, são crianças livres,

porque com criança e qualquer

pessoa tem que ser assim.

No contexto dos indígenas do Jaraguá, todos são considerados educadores, desde uma criança, até um idoso. “Todo mundo sempre tem algo para ensinar”, apresenta o Cláudio. Os pequenos são ensinados também os saberes espirituais, aprendem pelo calendário dos índios e não o tradicional.

Após os cinco anos e 11 meses completos, é hora das crianças irem estudar em outra aldeia. Lá, eles continuam conhecendo da cultura, das tradições e inclusive o português. Entre todos os aprendizados, o maior deles é visto no rosto de cada criança daquela aldeia, a resistência.

Os pensamentos mudam, mas a cor e a resistência permanecem!

DONOS DA LIBERDADE

As crianças do Jaraguá aprendem diferentes assuntos na escola, um deles é a resistência.

FILMES E DOCUMENTÁRIOS DA

RESISTÊNCIA NEGRA E INDÍGENA

Viajamos até uma terra chamada Cafundó, lá vivem gigantes, comumente chamados de quilombolas!

VIDEODOCUMENTÁRIO

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OS DISCOS, AS DANÇAS

Tradições

O PASSADO VIVO

É avidez, intensidade e força. É poesia.

RAÍZES DO BRASIL

Desde os primeiros anos da infância, é comum meninas e meninos serem apresentados àquilo que não se parece com eles mesmo.  Nessa variedade, há um padrão que difere das características de uma parcela da sociedade brasileira: pele rosada, cabelos dourados, olhos cor de céu em dia de sol e o modo de vida dessa gente.  Coisa que nada tem que ver com a pele avermelhada e pintada, cabelos grossos e lisos, olhos escuros e repuxados dos indígenas do pico do Jaraguá. Muito menos com os cabelos enrolados que se combinam com a pele escura que cobre narizes largos e lábios grossos que os quilombolas do Cafundó conhecem.

Antes de dividir as pessoas

em grupos étnicos-culturais,

é preciso lembrar que todos fazem

parte de uma só raça, a humana.

 

A psicanalista e mestre em psicologia Rita Martins, explica que as pessoas afirmam sua identidade por meio da filiação social. Daí vem a importância de pertencer a grupos. “A cultura é transmitida de geração para geração. Revela uma linguagem coletiva repleta de crenças e valores, que determina padrões de comportamento socialmente aceitáveis”, expõe.

Mesmo sem ter nascido em uma aldeia e sem ter nome Tupi, a figura de Lílian de Souza logo denuncia sua ascendência parental. A universitária que é neta de “índia pura” aprendeu a nunca comer sozinha, costume do povo do qual descende. “A história da tribo que sou descendente é uma história de escravagismo. Eles sofreram bastante violência da parte dos homens brancos. Então, um costume que é muito marcado é o da união, comenta e relembra aliviada.

Uma vez fora de sua cidade natal e longe da tribo da qual descende, a estudante aprendeu a odiar e amar sua cultura, respectivamente. “Não gostava que me chamassem de ‘índia’, porque via que as pessoas relacionavam esse nome a sujeitos que não são civilizados, iletrados, sem cultura e literalmente ‘do mato', lamenta.

Rita argumenta que a identidade adquire contornos por meio de características de personalidade, estilo de vida, da linguagem e dos sistemas simbólicos que representam o modo de ver o mundo e as ações. “Afirmamos nossa identidade, por meio da filiação social, podendo ser o grupo de aspiração (aquele que não pertenço, mas adoraria pertencer) ou rejeição (pertenço, mas não aceito, não quero) ”, esclarece. Deste modo, o comportamento é orientado para receber a aprovação desse grupo e ter o passaporte de entrada carimbado. “A partir daí, rotular é natural. Na verdade, rotulamos tudo: sentimentos, amizades, relações, absolutamente tudo”, acrescenta.

“Entendi que não posso ter vergonha do que realmente sou. Hoje tenho orgulho de dizer que possuo sangue indígena, reconhece a universitária. E como velhos costumes nunca morrem, mesmo morando no estado de São Paulo, Lílian sempre procura se juntar com o máximo de pessoas fazer as refeições, pois suas tradições formaram quem ela é hoje.

Quando o “de onde venho” determina o “quem sou”.

em uma aldeia, a moça traz consigo o reflexo da cidade grande. As pernas inquietas, se movem de forma sincronizada. Um gravador capta sua voz de um aparelho bem conhecido por ela, afinal, não largou seu aparato eletrônico nem por um segundo durante nossa conversa.

Patrícia é filha da mãe natureza. Vem de um povo que é livre. Em outros tempos, estaria vivendo em sua aldeia de origem até hoje, mas o processo de demarcação de terra mudou os planos de sua família.

Depois do descobrimento do

Brasil, nós não podíamos mais

ir para onde tivéssemos vontade,

antes tínhamos mais liberdade.

Patrícia é filha do saber. A família veio parar nas terras indígenas do Jaraguá para continuar uma história que começou a ser escrita muito antes dos portugueses pisarem em solos tupiniquins. Na aldeia, cada um tem uma função. Todo mundo aprende e ensina, desde os pequenos, até os mais avançados em idade. Com a índia não foi diferente, ensinou e aprendeu ao ponto de se tornar uma educadora e fazer parte da liderança da aldeia.

Patrícia é filha da organização. Sem ela, muita coisa na aldeia não funcionaria de forma tão perfeita. Para que este conteúdo chegasse até você, caro leitor, a moça cuidou de cada detalhe da nossa visita ao Jaraguá. Seu português é usado somente para a comunicação com os visitantes. Em dias normais e rotineiros tudo é falado no Guarani, idioma e povo tão orgulhado pelos índios.

A representação feminina na liderança da tribo é executada com maestria por Patrícia que luta pelo seu povo dentro e fora dos muros do Jaraguá. “Eu vou lá fora falar da nossa situação para quem pode nos ajudar para tentar melhorar nossa vida”, explica

Patrícia vai na frente e as crianças a acompanham até o parque do Jaraguá. Lá, o contraste do verde das florestas com o azul do céu transforma-se em uma sala de aula. Os meninos e meninas aprendem a respeitar a quem os índios devem muito, a mãe natureza. Sem cobranças, a educadora revela o significado de cada item que compõe a fauna, bem como a flora. O fato de estarem na maior cidade do país torna difícil manter a cultura e as tradições intactas.

Patrícia é filha da perseverança. Ela não desiste de ensinar às crianças, que nessa terra de gigantes, eles não são pequenos. “Eu tento ensinar a cada um deles que apesar de ser difícil manter nossa cultura, nós precisamos continuar tentando”, ressalta.

Patrícia é filha da resistência. Não só ela. Na aldeia, uma série de tradições são mantidas à risca. Seu lema é sempre seguir a cultura.

Patrícia também pode ser filha da dor. Dor esta, que provoca feridas abertas não só em índios, bem como em qualquer ser pensante desta vasta miscelânea de povos. A dor que ela sente pode ser minha, sua, de um homossexual, ou de um negro. Preconceito. “Quando nós saímos da aldeia, nós ouvimos palavra que ofende, machuca, mas a gente tem que resistir”, anima.

Patrícia é filha da felicidade. Ela vive de orgulho de ser índia, guarani, líder na aldeia, educadora e outras coisas boas que vou descobrir em um próximo encontro. “Não tenho do que reclamar. Eu tenho coragem e amo o que faço aqui”, orgulha.

Os ensinos recebidos pela índia passam de uma geração à outra. É um ciclo infinito que Patrícia protagoniza. Além deles, há uma cultura fortíssima em jogo, e uma resistência estonteante. Mesmo sem querer, há preconceito e demarcações territoriais. Mais querendo, existe coragem, amor e orgulho de quem se é.

Pode ser no Oiapoque, no Chui,

ou mesmo na vasta São Paulo,

Patrícia é e sempre vai ser

filha do Brasil.

Patrícia é filha da selva de pedra. Não nasceu em um hospital porque isso não tem que ver com seu povo. Ela é Guarani. Filha de pai e mãe indígena. Seu avô, de quem puxou alguns traços, era cacique e pajé na aldeia Tenondé Porã, onde ela nasceu. Seus olhos marcantes na cor de jabuticaba, combinadas com as unhas das mãos e pés, pouco fixam em mim. Mesmo morando

FILHA DO BRASIL

LIVROS SOBRE A CULTURA
AFRO-BRASILEIRA E INDÍGENA

A CARA LIMPA, A ROUPA SUJA

Preconceito
Draw my life
Assista agora

QUER QUE EU DESENHE?

Desenhar o preconceito não o ameniza. Pela ignorância de quem age assim, decidimos ilustrar a dura realidade vivida por negros e índios.

ESTEREÓTIPOS

Lembre-se, seja qual for a sua cor, tribo, sexo ou religião, somos uma única espécie: a humana!

Viajei pouco mais de 150 quilômetros para conhecer o Quilombo Cafundó. Naquele dia, o céu estava limpíssimo e o sol no auge de sua avidez. Os raios reluziam de forma intensa e eu não fazia ideia de quão rico seria os encontros reservados à mim. Um deles, foi com o quilombola Marcos Almeida, 58 anos. A melanina marcante daquele homem só não me chamou mais

atenção que seus olhos. Eles brilhavam tanto quanto o sol daquele dia. Posso dizer, que Marcos sorriu para mim durante toda nossa conversa, com os dentes e com os olhos.

Nascido e criado no Cafundó, ele traz consigo as marcas da resistência em seu sangue. A sua história começou anos atrás, quando seus bisavós chegaram ao quilombo. Ao perguntar sobre sua infância, ele sorri, como de costume. “Eu não tive infância. Quando as crianças estavam se aprontando para ir à escola, eu estava puxando enxada”, relembra. E não parou até hoje.

Marcos é agricultor, profissão ensinada pelos antepassados desde seus sete anos. Mas isso tem um fundamento. A troca dos livros pelos materiais de trabalho no campo, aconteceu por necessidade extrema. Naquele tempo, com uma família de oito filhos, eles plantavam para sobreviver. “Trabalhava para ajudar meus pais”, reforça. Dos oito filhos, só sobraram dois, Marcos e Juvenil. De todos eles, nenhuma se quer passou batido do preconceito. Em meio a sorrisos e lembranças, falar desse assunto não foi nem um pouco confortável.

Eles dizem que tem um direito dos

negros que é preservado, porque o

preconceito é crime,

mas quando a gente sofre, nunca

consegue provar que sofreu desse mal.

O pior é que a turma tem uma

maneira discreta de expressar o

preconceito.

 

Seu Marcos nunca havia pisado os pés em uma sala de aula, pelo menos até esse ano, quando começou a estudar por um projeto de uma universidade que fica perto do quilombo. O quilombola está achando o máximo conhecer por outra perspectiva o mundo do saber, já que tudo que aprendeu na vida, aprendeu com os pais e avós.

A luta pelos estudos no quilombo foi uma batalha árdua, mas esse é um direito, e finalmente conseguiram. Marcos acha que o estudo é a coisa mais importante no mundo. Ele se entristece ao recordar o quanto não ter esse bem fez falta para suas gerações passadas. “Meus antepassados perderam tudo. Minha mãe, meu pai, meus avós, eles não sabiam ler e muitas pessoas se aproveitaram da ingenuidade deles. Nós perdemos muitas terras por isso”, lamenta.

Marcos fala português comigo, pois eu não entenderia se ele falasse em quimbundo, língua ensinada pelos antigos. Não vou arriscar, mas aprendi algumas palavras com ele. “Você veio da cidade saber um pouco da minha história”, disse em quimbundo para mim. Manter as tradições não é tarefa fácil, mas eles resistem. O tempo pode ser visto como um Deus, e em meio a lutas e conquistas, melhorias aconteceram. Não como deveriam, mas aconteceram. ”De uns três anos para cá, é que as coisas começaram a ficar melhor. Essas casinhas bonitas, eram tudo de sapé”, comenta

DINHEIRO NENHUM PAGA

O sorriso voltou quando ele relembrou da avó Efigênia, a senhora que descansou das lutas há algum tempo, e deixou com o neto alguns ensinamentos, um deles, como fazer as esteiras de taboa. Marcos mostra os dentes com afinco, um dos motivos é a fé. “Eu estou vivo porque Deus quis”. Além da fé, o sorriso aberto traz um emaranhado de gratidão. Ele agradece pela vida que tem e pelos que vieram antes dele.

Ser quilombola é um privilégio,

uma herança que dinheiro nenhum paga.

Marcos Almeida

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O PRECONCEITO NA PELE

Relatos de negros e índios que sofreram na pele o constrangimento da discriminação.

QUEM É A MÃE DA CRIANÇA?

A mãe é branca e a filha é negra. Isso seria possível? Confira neste teste.

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TUDO ISSO JÁ FOI DITO ANTES

História

Foram tirados de casa à força, isso era 1530. O solo seco gritava não só de sede, mas também de saudade. Os pés sentiam falta do pó vermelho da terra. Os ouvidos, das músicas tanto quanto o corpo das danças. Saudade se si mesmos, de quem costumavam poder ser. A resiliência podia ser vista pelo pigmento da pele, pelos ombros largos dos homens, pelas coxas grossas das mulheres e o coração de ambos, que sangrava. A pele aguentava o sol. Os ombros carregavam tudo o que lhes era imposto, as coxas eram as formas do teto que abrigava gente “sem cor” e coração... Ah, coração! Este batia triste, com tanta saudade que pôs a casa em tudo o que via pela frente. Mas foi assim, se colocando e sendo colocados em todos os lugares, que os filhos da África adotaram a nação verde e amarela como mãe e fizeram dela uma pátria amada. Hoje, filhos tupiniquins são netos da mama África. O Brasil tem gingado de capoeira, som de tambor e gosto de feijoada. Olhe ao seu redor,

a África está aí!

O ano? 1500. O dia parecia mais um daqueles onde a rotina se perpetua. Tudo fluía como um dos tantos rios espalhados pela selva. Os rituais religiosos foram seguidos à risca, bem como a hora da caça. As crianças eram supervisionadas pelas mães que dividiam o olhar com o alimento sob o fogo. Os pequenos se divertiam com brinquedos feitos de utensílios providos pela mãe natureza. O verde universal do ambiente era contrastado com o azul do céu. O som dos pássaros era amistoso e sublime. Entretanto, uma atmosfera distinta tomou conta do ambiente, riscou o horizonte e se aproximou com impotência. Um barco gigantesco vindo em direção à terra seca fez com que a atenção das mães fosse dividida em mais uma atividade. Há quem se escondeu de medo do que poderia ser, ou acontecer. O povo que estava lá se diferenciava dos que estavam chegando em muitos aspectos, um deles: a cor da pele. O índio, dono da terra, não fazia ideia de que o “homem branco” chegaria para ficar, “para descobrir”. Trocaram suas riquezas por coisas banais. Foram passados para trás, estando na frente.

O INÍCIO

Foram passados pra trás, estando na frente. Modificaram seus costumes. Foram influenciados, assim como influenciaram. Tanto que estamos aqui, falando deles, do passado e vivendo por meio de um clique, o presente.

ENTREVISTA COM GERMANA RAMIREZ

Um panorama geral da história de negros e índios.

especialista história
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ARTIGOS CIENTÍFICOS SOBRE A CULTURA
AFRO-BRASILEIRA E INDÍGENA

História e cultura afro-brasileira e indígena nas escolas: uma reflexão necessária

Histórias e trajetórias indígenas na fronteira sul: a aldeia de São Nicolau do Rio Pardo

Impacto da modernidade sobre os povos indígenas de Aracruz/ES e os direitos
que lhes são conferidos

Relações étnico-racias, história, cultura africana e afrobrasileira na educação pública:
da legalidade à realidade

NOSSA EQUIPE

PLAYLIST TERRA DE GIGANTES

Preparamos uma playlist carregada de história e resistência. Escute aqui:

Ouço um novo canto
Que sai da boca de todas as raças
Com infinidade de ritmos.
Canto que faz dançar todos os corpos, 
De formas e coloridos diferentes. 
Canto que faz vibrar todas as almas, 
De crenças e idealismos desiguais.

É o canto da liberdade
Que está penetrando, 
Em todos os ouvidos.

Solano Trindade

Quem somos
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